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2010-08-26

Os escritores que não conhecem a palavra crise

A revista Forbes acaba de publicar uma dessas listas que nos mostram até que ponto é triste a nossa existência. Neste caso é a lista dos escritores que mais dinheiro ganharam no último ano, concretamente no período entre Junho de 2009 e Junho de 2010, e onde se demonstra que nos dicionários dos listados não existe a palavra crise. Para os totais constantes na lista, foram contabilizados não apenas os rendimentos das vendas de livros, mas também os direitos televisivos, adaptações cinematográficas e demais parafernália.

A lista em que qualquer um gostaria de aparecer, é encabeçada pelo nova-iorquino James Patterson que tem um autêntico império literário que engloba tudo: livros, direitos televisivos, banda desenhada e até livros electrónicos. Este autor especializou-se na área do romance de suspense e já vendeu mais de cento e cinquenta milhões de livros em todo o mundo, dos quais sessenta apenas com a sua mais célebre criação, o detective Alex Cross. Este ano a sua conta cresceu em setenta milhões de dólares e já assinou um contrato de cem milhões para os seu próximos dezassete romances, a entregar até ao fim de 2012!!

Na segunda posição encontramos a conhecidíssima Stephenie Meyer, que com a loucura desenvolvida à volta dos seus vampiros românticos embolsou quarenta milhões de dólares, da venda de mais de cem milhões de cópias da sua saga Crepúsculo e com umas adaptações cinematográficas igualmente bem sucedidas e rentáveis. Em terceiro aparece um clássico deste tipo de listas, Stephen King não podia deixar de estar entre os escritores mais ricos do planeta, e mostra que continua em boa forma com trinta e quatro milhões de dólares. O seu último romance, A Cúpula, já vendeu mais de seiscentas mil cópias.

Continuamos com habituais frequentadores destas listas, porque a quarta posição é ocupada por Danielle Steel, com os seus romances românticos intemporais e a sua legião de seguidores sempre fieis, enquanto ela se dedica a contar os trinta e dois milhões ganhos.

No quinto lugar encontramos Ken Follet com vinte milhões, um lugar que poderá melhorar no próximo ano se a série, baseada no seu "Os Pilares da Terra", que estreou há meses nos Estados Unidos tiver êxito.

Completando este Top Ten, encontramos em sexto lugar Dean Koontz com dezoito milhões e os seus bem sucedidos romances de sucesso, Janet Evanovich em sétimo com dezasseis milhões, John Grisham com os seus advogados em oitavo com quinze milhões e a fechar a lista encontramos Nicholas Sparks com quatorze milhões e uma J.K. Rowling a perder fôlego apenas com dez milhões.

Lições de Poker

O tipo da foto que acompanha este post chama-se Jack Strauss, nasceu em 1930 e morreu 58 anos depois. Foi um jogador de poker profissional que ganho o campeonato mundial em 1973 e 1982. O seu jogo mais famoso, o que o levou ao Olimpo dos jogadores de poker, teve lugar em 1982.
Nessa mítica partida, Strauss perdeu tudo quanto tinha. Quando recolhia as suas coisas para abandonar a partida encontrou uma ficha de $500 debaixo de um guardanapo. Por um detalhe técnico, não havia dito "all-in", pôde continuar a jogar (Numa partida actual isto seria impossível).
O caso é que Strauss se voltou a sentar na sua cadeira, com a sua ficha de $500 e continuou a jogar. Pouco a pouco foi recuperando e a sua sorte mudou completamente. Dois dia depois ganhou o torneio, nada menos do que o campeonato do mundo.
Este feito criou uma das frases mais famosas do mundo do poker: "a chip and a chair", literalmente uma ficha e uma cadeira, que de modo figurado equivale a dizer que enquanto há vida há esperança.
Às vezes tudo o que precisamos para continuar e para vencer é apenas o mínimo, no caso do poker uma cadeira e uma ficha para apostar.

2010-08-20

O Design intemporal da National Geographic

Um olhar sobre o design da National Geographic e como se manteve praticamente inalterado desde a sua introdução em 1888, sem perder qualidade. Aqui

A última entrevista de François Truffaut

A revista New Yorker publicou uma entrevista com François Truffaut realizada pouco antes da sua morte em 1984.

O petróleo do Golfo do México veio para ficar

Um novo estudo confirmou a existência, no fundo do oceano, de uma "pluma" de petróleo proveniente do derrame da BP que dá sinais de não se estar a degradar.


A Lua está a encolher

Novas imagens mostram a superfície lunar enrugada como uma passa, sugerindo que pode ainda estar a arrefecer e encolher.



O café mais caro do mundo a ponto de ser proibido

Durante algum tempo o consumo do café mais caro do mundo, o Kopi Luwak, esteve em risco de ser proibido aos muçulmanos da Indonésia, dado que a sua origem era considerado pouco adequada para o consumo. Não é de estranhar, já que este café é colhido dos excrementos das civetas (gato-de-algália), que nas suas passagens pelos cafezais se alimentam dos grãos de café maduros. A transformação que estes sofrem no organismo das civetas convertem-nos num manjar, menos amargo e com um ligeiro sabor a caramelo.

Depois de muita discussão sobre o tema, o conselho dos Ulemá ditou por fim que o consumo não é pecado nem impuro, mas impõe que os grãos uma vez extraídos das fezes da civeta sejam lavados com  água para que possam ser consumidos sem infringir nenhuma norma.

2010-05-27

Winkler+Noah

Inaugurou em Milão exposição "Les Femmes Hèrètiques" dos fotógrafos italianos Winkler e Noah critica os aspectos mais obscuros da religião e da sociedade contemporânea através de fotografias que mostram os corpos esbeltos, atléticos e praticamente nus de mulheres crucificadas.

Estão disponíveis algumas das fotografias da exposição no site do La Repubblica

O site dos fotógrafos

2010-05-25

Javier Marías: Selvagens e Sentimentais

Neste livro fala-se de jogadores e de adeptos, treinadores e presidentes, derrotas e triunfos, emoção e vergonha. Mas também do carácter cinematográfico deste desporto, da memória cuidadosa e do esquecimento rápido, do patriotismo, da celebração dos golos, dos hinos, dos gestos carregados de significado. E vemos o futebol como seguramente é, no fundo, para milhões de adeptos, um interminável desfile de heróis, vilões e figurantes, um espectáculo que mereça talvez ser levado a sério.

2010-05-24

Ultimate Lost Series Finale Playlist

Um exercício interessante para celebrar o final da série que inclui:

"Lost" - Coldplay
"Island in the Sun" - Weezer
"Smoke on the Water" - Deep Purple
"Captain Jack" - Billy Joel
"Tom Sawyer" - Rush
"Kate" - Ben Folds Five
"Love Lockdown" - Kanye West
"Penny Lane" - The Beatles
"Make Your Own Kind of Music" - Mama Cass
"Torture" - The Jacksons
"House of the Rising Sun" - The Animals
"Forever Young" - Alphaville
"Have You Seen My Baby" - Ringo Starr
"He Ain’t Heavy, He’s My Brother" - The Hollies
"You All Everybody" - Driveshaft
"While You Wait For The Others" - Grizzly Bear
"Back in Time" - Huey Lewis and The News
"Linus and Lucy" - Peanuts theme
"Back to the Island" - Leon Russell
"Eternal Flame" - The Bangles

Ver aqui, o porquê das escolhas

I'll Never Be Lost Again

Tributo à série Lost.

The Tallest Man On Earth

Roque Dalton (El Salvador, 1935-1975)

Roque Dalton, o filho do gringo e da enfermeira, Leitor voraz, amigo de Juan Gelman e de tantos outros. Viajanete impenitente. Conheceu a União Soviética, Checoslováquia, México e até a Coreia (a do Norte).
Roque Dalton, bisneto de um daqueles inolvidáveis bandidos, os irmãos Dalton, sempre fugindo da polícia, como eles, deu com os ossos na cadeia e foi condenado à morte. Em 1960, um dia antes de ser fusilado, o golpe de estado que derruba o ditador José Maria Lemus, devolve-o à rua. Em 1965, poucos dias antes da sua execução, um terramoto derrubou as paredes da sua cela e depois de fugir misturou-se com uma procissão que passava por perto. Um homem tocado pela sorte, que afinal não foi assim tanto.
Roque Dalton, espião da CIA, como disseram. Ele que foi traído pelos seu companheiros do ERP que o achavam vendido aos americanos, um esbirro da contra-revolução. Um homem que morreu por uma mentira e um grande poeta, que é preciso ler.
Roque Dalton foi executado em El Salvador há 35 anos atrás em 10 de Maio de 1975

Dolor Antiguo

Sólo has visto dolor en tu llegada.

Dolor en los cañales explotados
sobre el dolor de tus hermanos;
dolor en las palabras en secreto,
dolor
en las lagunas y los pájaros;
dolor en la palabra incomprensible del caporal estraño,
dolor en sus patadas, en sus insultos, en sus manos ladronas.

Dolor en las mujeres y las piedras,
dolor en el crepúsculo, en el sol calcinante,
en la ficticia aurora cotidiana;
dolor en cada metro de nagüilla, en cada tecomate,
en cada par de caites abrumados;
dolor en cada rostro, en cada nueva música,
en cada cordillera de sucesos;
dolor entronizado en las aradas, en las milpas ajenas,
en los candentes pechos de tu pueblo
y en los ojos con lágrimas mirando
sus solitarias manos.

2010-05-23

Rui Zink

O número 34 de transcript (Science Fiction and Political Fantasy), está já disponível online com um texto de Rui Zink traduzido por Margaret Jull Costa.

Ian McEwan

Num artigo de Lorna Bradbury no The Telegraph, Ian McEwan explica porque é que o seu último romance "Solar" foi rejeitado pelo establishment literário americano.

Ali Farka Touré e Toumani Diabaté: Ali & Toumani


Foi a sua segunda obra em comum, a que ficará como o derradeiro testemunho discográfico, simbolo de um diálogo norte-sul entre estes dois enormes músicos do Mali. Antes de morrer o guitarrista Ali Farka Touré gravava Ali & Toumani com o seu amigo Toumani Diabaté, emblemático instrumentista de kora, com a participação do contrabaixista cubano Cachaito Lopez.

Pele

Em 1929 um coleccionador comprou um lote de mais 300 exemplares de pele tatuada datadas de 1850, proveniente das prisões de Paris.
Hoje esta colecção faz parte do espólio da Wellcome Collection e pode ser vista a partir de Junho numa exposição inteiramente dedicada à pele, Skin.
Para Michel Tournier, autor se Sexta-Feira ou os Limbos do Pacífico a vida interior pouco interessa... Ler

Norman Mailer

...era um homem carismático mas com defeitos... Ler

Sérgio Pitol

Soy hijo de todo lo visto y lo soñado, de lo que amo y aborrezco, pero aún más ampliamente de la lectura, desde la más prestigiosa a la casi deleznable.
Sérgio Pitol em entrevista ao La Jornada

Alpha Yaya Diallo - The Message



Nascido na Guiné-Conacri, Diallo, desde muito novo, trás na sua guitarra os sons tradicionais do seu povo. Aos onze anos a mão ofereceu-lhe a guitarra em que aprendeu a tocar enquanto acompanhava o pai, um médico que se deslocava permanentemente pelo país. Este facto permitiu-lhe conhecer o makenke, o souso e o fula, as línguas das principais etnias da Guiné.
Enquanto frequentava a universidade, liderou o grupo "Sons of Rais", com quem percorreu toda a África ocidental. Ao concluir os seu estudos, Diallo actuou com alguns grupos locais, Love System, Kaloum Star, Bembeya Jazz y Sorsornet Rhythm.
Já na Europa, foi convidado a juntar-se ao Fatala. Com eles actuou nos príncipais festivais do velho mundo. Quando atravessou o Atlântico, depois de ter participado em diversos festivais de folk e jazz, Diallo apaixona-se pelo Canadá, a ponto de fixar a sua residência em Vancouver. Neste país alterna a sua carreira a solo com o grupo multi-cultural Bafing, criado por ele.
Na música de Alpha Yaya Diallo refletem-se os sons clássicos dos seus antepassados, mas sem deixar de lado a evolução e as fusões que foram ocorrendo na música africana: os rítmos cubanos que regressaram à África ocidental, os sons caboverdianos que Diallo escutava em pequeno e a influência do país onde vive.
A suas canções falam da situação socio-política do seu país, da sua condição de emigrante, de viagens e de aventuras.

Livro do Desassossego

Nicholas Lezard escreve sobre a nova edição em inglês do Livro do Desassossego de Fernando Pessoa.
There will never be a definitive edition of The Book of Disquiet, however hard anyone tries. Apart from a few fragments he suffered to be published in his lifetime, Pessoa's greatest work took the form of 350 fragments shoved into an envelope found in a trunk after his death. (The trunk also contained another 25,000 pieces, 150 of which literary scholars have tacked on for some editions.) The best English-language version is translated by Richard Zenith and published by Penguin, but that comes in at more than 500 pages. This one publishes 259 of the fragments and is much more wieldy; a pocket edition rather than a bedside one.
You may want to get the Zenith as well, for Pessoa speaks to insomniacs, being one himself; but this edition is a very good book to keep by your side during those encounters with the mundane that can vex the sensitive soul. For it is all about the mundane: the reactions of a sensibility who walks through early 20th-century Lisbon, looking at pedestrians, co-workers, grocers, the seasons, the times of day, unsure, in a kind of existential insomnia, whether he is dreaming or not, whether he exists or not. And alongside the shimmering "reality" runs the flickering existence of the author himself, who is not only the man named on the title page, but one of the 70-odd "heteronyms" he invented for himself: in this case one Bernardo Soares, an insignificant clerk working for the firm run by the charming, avuncular Senhor Vasques. "Senhor Vasques. I remember him now as I will in the future for the nostalgia I know I will feel for him then. I'll be living quietly in a little house somewhere in the suburbs, enjoying a peaceful existence not writing the book I'm not writing now and, so as to continue not doing so, I will come up with different excuses from the ones I use now to avoid actually confronting myself."
Retirado daqui

Iggy Pop

O El País numa entrevista a Iggy Pop, o Circo Punk Sexagenário.

EP3. ¿Queda espacio hoy para ser salvaje en la música?
I. P. No, porque el sistema retributivo es diferente, está más monitorizado. Hoy tiene más sentido que una persona joven con talento intente encajar: te pagan rápido. Hay estetas ahí fuera, gente muy buena que piensa las cosas: los Strokes, Jack White?Su trabajo está muy cuidado, tiene buen feel, pero no es salvaje.

Conta-me Histórias

Ao contar histórias a crianças, Germaine Greer sente que está a fazer algo tão velho como a humanidade, algo que as mulheres - mães, avós, enfermeiras, escravas... - sempre fizeram
Clique para ler o artigo

2010-05-13

Sugestão

Nu Soul Family - Never too Late to Dance

Virgul (Da Weasel) e Dino (Expensive Soul) são a cara dos Nu Soul Family. Never too Late to Dance é o nome do álbum de estreia deste colectivo, que se completa com DJ Alan Gul e Bassman. A música de dança conhece, através dos Nu Soul Family, uma versão eclética entre momentos mais pop, house e disco.

2010-05-09

The Cove



Há mais de um ano que o documentário The Cove arranca lágrimas e aplausos em cada festival em que passa. Começou a sua carreira no Festival de Sundance em que arrecadou o prémio do público até que um ano depois ganhou o Óscar para o melhor documentário.

Realizado com a estrutura narrativa de um triller, The Cove é uma denúncia que pôs o dedo numa ferida até agora desconhecida: a matança anual de golfinhos na costa de Taiji, no Japão, onde milhares de animais são mortos longe da vista do público numa baía escondida defendida com unhas e dentes que tornaram a vida impossível à equipa de rodagem de The Cove.
A maioria dos golfinhos acabam no prato dos japoneses apesar dos níveis de mercúrio toxicos que a sua carne contém, se bem que a matança também é controlada por uma outra indústria que também gera milhões: os melhores exemplares são capturados vivos para serem vendidos a aquários de todo o mundo.

Curiosamente, foi o mais famoso treinador de golfinhos, Ric O'Barry, que criou nos anos 60 a série Flipper, quem deu ao realizador de The Cove, o fotógrafo e activista Louie Psihoyos, a ideia de filmar um documentário sobre o tema.

2010-04-30

Cabeça

Cabeça 
Arte Sapi, Afro-Portuguesa do Séc. XVI
The Metropolitan Museum of Art

Travessas da Companhia das Índias

Travessas em porcelana chinesa da Companhia das Índias 
Reinado de Qianlong. (Séc. XVIII)

Lady Lilith

 Lady Lilith, 1867
Dante Gabriel Rossetti e Henry Treffry Dunn
Aguarela e guache sobre papel
The Metropolitan Museum of Art, New York

Aquário

Aquário em porcelana chinesa da Companhia das Índias
Século XVIII
Pertencente à colecção do Paço dos Duques de Bragança

2010-04-29

George Orwell revisitado


Num artigo do The Guardian de 17 de Abril Christopher Hitchens revisita Animal Farm (anteriormente conhecido por cá como Triunfo dos Porcos e recentemente editado com o título mais literal de A Quinta dos Animais pela Antígona), a alegoria distópica de Orwell que tinha como alvo a corrupção da União Soviética e o totalitarismo. Publicado em 1945, o livro aparece nalguns do mais conhecidos best ofs, nomeadamente a Modern Library’s list of the 100 Best Novels e na All Time 100 Novels da revista Time.
No entanto, como refere Hitchens, Animal Farm quase nunca foi publicado. O manuscrito sobreviveu por pouco aos bombardeamentos de Londres durante a Segunda Guerra Mundial e após a guerra T.S. Eliot (na altura editor da Faber & Faber) e outros editores rejeitaram o livro que acabou por ver a luz do dia pela mão da Secker & Warburg.
No entanto, 65 anos depois A Quinta dos Animais ainda não pode ser lido na China, Birmânia e Coreia do Norte e num grande número de países islâmicos.

Colónia Dignidad

Li há uns dias a notícia da morte do nazi, Paul Schaefer, criador e patriarca da sinístra Colónia Dignidad no Chile.
Schaefer morreu aos 88 anos, ainda muito jovem foi soldado no exército alemão. Militarista e fundamentalista religioso, fundou em finais dos anos 50, ainda na Alemanha, uma instituição de ajuda a menores onde se praticavam abusos sexuais a menores.
Fugido da Alemanha fundou, em 1961 no Chile, a Colónia Dignidad, com colonos alemães, que controlava com métodos concentracionários. Por alguma razão (relações militares e políticas) as primeiras denúncias de abusos sexuais reiterados cometidos no seu establecimento não tiveram seguimento.
Durante a ditadura de Pinochet, Schaefer cedeu as suas instalações para serem usadas pela DINA (Dirección de Inteligencia Nacional, a polícia política do regime de Pinochet) que converteu as suas terras num centro de tortura.
Em 1990 foi aberta uma investigação judicial contra a Colónia Dignidad, e apesar das descobertas efectuadas, Schaefer consegue escapar, sendo detido em 2005 na cidade argentina de Tortuguitas, nos arredores de Buenos Aires, onde vivia escondido. Extraditado e julgado, foi condenado a 20 anos de prisão, dos quais cumpriu cinco.

2010-04-27

8½ - Federico Fellini

8½ é um filme de 1963 realizado por Federico Fellini. Escrito por Federico Fellini, Tullio Pinelli, Ennio Flaiano e Brunello Rondi, com Marcello Mastroianni como Guido Anselmi, um famoso realizador. Filmado a preto e branco por Gianni di Venanzo, o filme conta ainda com a banda sonora de Nino Rota.
Guido Anselmi, um famoso realizador, sobre de bloqueio. Preso no meio de um novo filme de ficção científica que inclui veladas referências autobiográficas, perdeu o interesse entre dificuldades artísticas e conjugais. Enquanto Guido luta sem grande vontade com o seu filme, uma série de flashbacks e sonhos penetram as suas memórias e fantasias, frequentemente intercaladas com a realidade.
Estreado em Itália em 14 de Fevereio de 1963, Otto e mezzo recebeu uma aclamação unânime com os críticos considerando Fellini um génio com um toque mágico e um estilo prodigioso. O escritor Alberto Moravia descreveu o protagonista do filme, Guido Anselmi, como sendo obcecado pelo erotismo, sádico, masoquista, mistificador, adúltero, palhaço, mentiroso e uma fraude. Ele medo da vida e quer regressar ao útero materno.
Em certos aspectos, apresenta semelhanças com Leopold Bloom, o herói do Ulisses de James Joyce, e temos a impressão de que Fellini terá lido e meditado bastante no livro. O filme é introvertido, uma espécie de monólogo, intersectado por flashes de realidade. Os sonhos de Fellini são sempre surpreendente e, num sentido figurado, originais, mas as suas memórias são permeáveis a um sentimento mais profundo e delicado. É por isso que as duas cenas que se referem à infância de Guido na velha casa de campo de Romagna e o seu encontro com a mulher na praia em Rimini são as melhores do filme e das melhores da carreira de Fellini.


Trailer de 8½

2010-04-26

Jan Saudek



Fotografo e pintor checo, nascido em Praga, estudou na Escola de Fotografia Industrial de Praga. De 1952 a 1980 teve um conjunto de empregos na agricultura e indústria enquanto desenvovia a sua própria fotografia (influenciada pela exposição "Family of Man" organizada por Edward Steichen no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1955), que pretende mostrar a experiência humana como um todo, apesar de ter sido criada quase exclusivamente na sua cave/estúdio.Embora a sua primeira exposição internacional se tenha realizado em 1969 na Universidade de Indiana, e tenha exposto no Festival de Arles em 1977, só em 1984 é que foi oficialmente autorizado a trabalhar como fotografo.



O trabalho fotográfico de Saudek, maioritariamente a preto e branco e colorido à mão, mostra experiências oníricas e alegorias grotestas das fobias e fantasias humanas. Fundindo erotismo com sentimento, os seus cenários teatrais, em que participam ele próprio, familiares e amigos de todas as idades, são considerados por alguns como chocantes ou kitsh. Mas outros consideram que Saukek endereça temas chave da existência humana, o envelhecimento, a sexualidade e as relações de género.
Provavelmente o mais conhecido fotografo checo de nús o seu trabalho tem sido largamente divulgado.

Netsuke


Como traje tradicional do Japão, o Kimono não tinha bolsos, e os mais variados objectos, globalmente designados Sagemono (que significa literalmente "coisa pendurada"), eram suspensos à cintura por um cordão. O cordão era preso por um Netsuke, que prendia o Kimono e se segurava por pressão.
Inicialmente os Netsuke eram simples molas de madeira, mas tornaram-se cada vez mais elaboradas até ao Século XVIII, eram tradicionalmente executados em madeira ou marfim mas podem ser encontrados exemplares de osso, coral, tartaruga, âmbar e mesmo metal.
Os temas esculpidos eram mais numerosos que os escultores, mas os maiores grupos são os que retratam personagens do folclore japonês (Mukashi Banashi e Sugata).
O erotismo era também um tema popular e as peças assumiam frequentemente a forma de jovens envolvidas com monstros marinhos ou personagens mitológicas.

A maioria dos Netsuke vinham de áreas densamente populadas, como Osaka, Nagoya e Edo, onde os artesão podiam prosperar.
A sua popularidade declinou a partir de 1868 quando os trajes de estilo ocidental, com bolsos, se tornaram  populares. No entanto,  o fluxo de turistas, ansiosos por recordações do Japão antigo criaram um grande mercado para os Netsuke. Vastas quantidades, na sua maioria de qualidade inferior, comparados com os mais antigos, foram exportados para a Europa e Estados Unidos desde essa altura.

2010-04-23

O fim da Linha



The End of the Line mostra-nos os efeitos da nossa paixão desmedida por peixe. O filme explora o impacto de um mundo futuro sem peixes, que resultaria com segurança numa fome em larga escala.
Durante os anos de rodagem, The End of the Line segue o infatigável jornalista de investigação Charles Clover enquanto enfrenta político e profissionais hoteleiros de renome a quem parece pouco importar que o futura das suas profissões esteja igualmente em perigo. É acompanhado por um dos seus alidados, Roberto Mielgo, ex-pescador que agora se dedica a desmascarar casos de pesca ilegal.
Rodado por todo o mundo, desde o estreito de Gibraltar, passando pelas costas do Senegal e do Alasca até à lota de pesca de Tóquio, com a participação de cientistas de primeira ordem, pescadores locais, The End of the Line é um sinal de alarme para o mundo.

Haiku



O que é o Haiku?
O Haiku é uma das mais importantes formas tradicionais da poesia japonesa. O Haiku é um poema de 17 sílabas com três versos com respectivamente 5, 7 e 5 sílabas.
Desde muito cedo, houve alguma confusão entre os três termos relacionados Haiku, Hokku e Haikai. O termo Hokku significa literalmente "verso inicial", e corresponde ao verso inicial de uma longa cadeia de versos, conhecida como Haika. Como o Hokku determinava o tom para o resto do poema, gozava de uma posição privilegiada na poesia Haikai, e não era incomum que um poeta compusesse um Hokku sozinho sem dar seguimento ao resto da cadeia.
Em grande parte graças aos esforços de Masaoka Shiki, esta independência foi formalmente estabelecida nos anos 1890 através da criação do termo Haiku. Esta nova forma de poesia destinava-se a ser escrita, lida e compreendida como um poema independente, completo por si só, e não como parte de um poema mais longo.

No sentido estrito, a história do Haiku começa nos últimos anos do século XIX. Os famosos versos do período Edo (1600-1868) de mestres como BashôYosa BusonKobayashi Issa devem ser referidos como Hokku e colocados no contexto da história da poesia Haikai apesar de serem habitualmente lidos como Haiku.

O Haiku moderno
 A história do Haiku moderno inicia-se com a reforma de Masaoka Shiki, em 1892 que estabelece o Haiku como forma poética independente. A reforma de Masaoka Shiki não mudou, no entanto, dois dos elementos tradicionais do Haiku, a divisão das 17 sílabas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas e a inclusão de um tema sazonal.

Salvatore Melani



Um bronze Art Deco do escultor italiano Salvatore Melani (1902-1934)

2010-04-21

A Noite do Caçador, Charles Laughton (1955)


Em 1955 o actor Charles Laughton realizou o seu único filme, A Noite do Caçador, baseada no romance de Davis Grubb.
Harry Powell (Robert Mitchum) é um pregador evangélico que se dedica a matar infiéis e pecadores. Depois de ter sido preso por roubar um carro é conduzido à prisão, onde conhece Ben Harper (Peter Graves). Ben está condenado à morte por ter assassinado dois homens durante o assalto a um banco, mas antes de ser preso deixou o dinheiro aos seus filhos John (Billy Chapin) e Pearl (Sally Jane Bruce) para que o escondessem, sem o revelar a ninguém. Powell acaba por saber disto e, depois de sair da prisão após a execução de Ben, dirige-se para a cidade onde vive a família para casar-se com a viúva de Ben, Willa (Shelley Winters), e ficar assim com o dinheiro. As crianças, tal como tinham prometido ao pai, não vão deixar que Powell se apodere do dinheiro, gerando-se uma batalha entre o pregador e as crianças, em que a vida destas correrá sério perigo.

A Noite do Caçador é um filme sobre a fragilidade das crianças face ao mundo que as rodeia. Sofre uma influência inegável do expressionismo alemão, conseguida graças ao talento de Stanley Cortez e pode apreciar-se em planos memoráveis como o da sombra de Powell na janela do quarto das crianças. A música de Walter Schumann também ajuda a envolver-nos nesta atmosfera de perigo gerada sobretudo pela personagem magnificamente interpretada por Robert Mitchum.

2010-04-07

Money, Martin Amis

John Self é o protagonista. John Self nasceu sem dinheiro, mas via-o crescer e reproduzir-se à sua volta, perto, bastava sair do bar de strip do pai, atravessar a avenida e admirar os grandes edifícios da City de Londres que guardavam todo esse dinheiro. Para John Self, o problema é a distância. O dinheiro estava demasiado perto, bastava apenas esticar o braço e agarrá-lo. E foi o que fez. Como o dinheiro, o alcool, o sexo, o cinismo, as drogas, a vida está demasiado próxima. A morte está demasiado próxima. Money é um livro denso, demasiado grande, porque John Self vai andando e vai encontrando milhares de portas possíveis, ao seu alcance, e tem que entrar em todas, bater com a cabeça em todas. E Martin Amis tem que escrever sobre tudo o que está atrás destas portas nos caminhos entre Nova York e Londres.

John Self é uma personagem com um olhar diferente a quem o autor deu demasiados pontos possíveis para fixar o olhar. John Self demonstra uma espécie de hipersensibilidade, perturbado por tudo o que o rodeia.

Mas quando se olha demasiado fixamente deixamos de perceber o que se passa, e se não conseguimos deixar de olhar, acabou.

2010-03-11

As Regras de Moscovo, Daniel Silva


Os thrillers de espionagem de Daniel Silva têm sempre rebuscadas reviravoltas na história com terroristas, bombistas e caos mundial.
Mas a verdadeira razão para os livros de Daniel Silva terem sempre tanta aceitação do público, e um lugar seguro nos tops, é a sua capacidade de atribuir uma face humana a temas grandiosos.
Isto é especialmente verdadeiro no 11.º livro de Daniel Silva, As Regras de Moscovo. Todos estes problemas a nível mundial se centram numa mulher, casada com um monstro, que tenta apenas fazer o que está certo para o seu país e proteger os seus filhos, uma jornalista que tenta fazer o seu trabalho e mostrar ao mundo as injustiças que vê, e, sobretudo, Gabriel Allon, um restaurador de arte com uma vida secreta como agente dos serviços secretos israelitas e o motor da série de Daniel Silva. A vida dupla de Allon leva-o a Moscovo onde o novo capitalismo, o petróleo e os novos poderes criaram uma nova dinâmica.
Mas esta nova visão tem um lado negro, uma nova geração de estalinistas pronta para mostrar ao mundo o seu poder.
Aos olhos de todos o antigo coronel do KGB Ivan Kharkov representa a nova Rússia, tendo acumulado uma enorme fortuna através dos seus investimentos globais. Mas Kharkov é também um traficante de armas e é desta actividade que vem a sua real fortuna e Allon faz sua a missão de parar Kharkov.
“As Regras de Moscovo”, tal como o resto da série Allon, torna-se agradável ao leitor principalmente por duas razões: o complicado e quase demasiado humano Allon, cuja mente brilhante aparece esporadicamente à superfície, e os complexos meandros da espionagem, nunca vistos desde que o George Smiley de John Le Carré pendurou a gabardine.

2010-03-06

Jean Cocteau

 
Amedeo Modigliani, Retrato de Jean Cocteau (1916)

2010-03-01

Luis Sepúlveda: A sombra do que fomos


Em Santiago do Chile, um velho passeia pela rua e é atingido por um gira-disco lançado por um casal a meio de uma cena doméstica um pouco violenta. Cai morto. Trazia consigo um revolver e era um antigo militante anarquista que se ia juntar a três antigos companheiros num discreto armazém após os anos de exílio ou de vida clandestina. Estes homens, todos sexagenários, antigos maoistas, trotskistas e de outras tendências de extrema esquerda, iam organizar um último golpe: recuperar uma grande quantia de dinheiro desviada durante a ditadura de Pinochet e escondida por um dos seus companheiros.

Uma história truculenta que, se bem que se saiba que não são mais do que uma sombra do que já foram, mantêm-se fieis aos seus sonhos e ideais de juventude e vão beneficiar de um conjunto de coincidências inesperadas. O estilo de Luis Sepúlveda é fácil de ler, mas a sua maneira de desenvolver a intriga com pequenos toques impressionistas exige um certo esforço ao leitor, que vai descobrir em segundo plano certos aspectos duma história política cheia de realidades sórdidas. Um livro ternamente subversivo dotado de um fim reconfortante.

David Lynch - The Alphabet (1968)



A segunda curta metragem de David Lynch "The Alphabet" data de 1968. É um filme a cores, filmado em 16mm em que uma criatura dá à luz as letras do alfabeto.
Os desenhos são acompanhados pela "Alphabet Song", uma canção para ensinar o alfabeto à crianças, que vai evoluindo desde o tom infantil, para o operático, até ao ameaçador. As letras aparecem como personagens, desenhos, decorações ou animadas de forma a sugerirem símbolos em movimento. 
Uma mulher (Peggy Lynch), com maquilhagem branca, fazendo lembrar o teatro kabuki, e óculos escuros é inserida na animação. A imagem real no filme inclui planos de detalhe de lábios sensuais, uma cama de ferro e um sortido de partes do corpo. Num plano fechado a mulher anuncia "Remember you are dealing with the human form", interrompendo a repetição do alfabeto.

A tensão do filme é aumentada pela dualidade de estruturas gerada entre a fotografia a preto e branco e a animação a cores. As figuras animadas deterioram-se, murcham e morrem, e a realidade a preto e branco é cada vez mais perturbada pela tom sombrio da animação. 
Finalmente é a parte de imagem real que se torna perturbadora. Manchas vermelhas da animação, tornam-se manchas de sangue nos lençóis da mulher na cama. O desfazer-se da animação culmina quando a mulher vomita sangue.

In the Tower: Mark Rothko

 
Mark Rothko, Untitled (1964)
A National Gallery of Art inaugurou no dia 21 de Feveiro a exposição "In the Tower: Mark Rothko", centrada nas pinturas negras que Rothko pintou em 1964.
A brochura da exposição está disponível para download.
Gustav Klimt (1862 - 1918)

Amazona

 
Amazona - Franz Von Stuck (1863-1928)

Descoberto quadro de Vincent van Gogh

 
O moinho "Le blute-fin"
Uma pintura de Vincent van Gogh, até agora desconhecida foi apresentada no Museu de Fundatie em Zwolle. O moinho "Le blute-fin" foi comprado pelo fundador do museu, Dirk Hannema, em meados dos anos setenta. Uma recente pesquisa do Museu Van Gogh em Amsterdão, demonstrou que o quadro pode ser atribuído a Van Gogh.

Em 1975, Dirk Hannema - um ex-diretor do Museu Boymans em Roterdão, ele próprio um coleccionador de arte - comprou uma pintura de uma cena de moinho à Hein Art Dealers de Paris. Com base no seu conhecimento e intuição, ele atribuiu a pintura de Vincent van Gogh e datou-a como tendo sido pintada em 1886. No entanto, devido à reputação duvidosa  de Hannema em matéria de atribuição, este trabalho não recebeu muita atenção. Exactamente 35 anos após a compra, provou-se que tinha razão.

2010-02-28

Candeiro Tiffany

 
Candeiro Tiffany Drangonfly
Os candeiros Tiffany são um dos mais resistentes símbolos da beleza e do design no mundo do design de interiores. Apesar de Louis Comfort Tiffany ser extremamente talentoso e ter tido sucesso noutras áreas, os seus candeeiros outros objectos de iluminação continuam a ser as suas criações mais memoráveis.

Lars Von Trier

Lars Von Trier realizou um conjunto de anúncios para o Turismo da Dinamarca. Eis uma primeira impressão.

Misako Inaoka

Misako Inaoka é um artista contemporâneo nascido no Japão que procura nos limites entre as fronteiras naturais e artificiais inspiração para o seu trabalho.
Segundo ele a natureza transforma-se constantemente para se adaptar a novas realidades, sobretudo nas grandes metrópoles. É essa natureza modificada, essa natureza urbana que talvez seja a grande influência das suas obras.

Akira Kurosawa - Rashomon (1950)

Chove na porta de Rashomon, uma chuva torrencial, tanto que nos dá a impressão de que a cidade de encontra debaixo de uma cascata. Aí encontramos um monge e um lenhador, afirmando este último ter presenciado algo terrível: a violação de uma mulher e posterior assassinato do seu marido. Aos olhos destes homens, trata-se de algo tão terrível que lhes faz perder toda a fé na humanidade. De facto, uma vez esteve na porta de Rashomon um diabo, que fugiu assustado com a maldade dos homens.

 
Machiko Kyo, Rashomon

 É este o tema que Akira Kurosawa nos apresenta em Rashomon: a maldade do homem. Como podemos confiar num ser com tanta vaidade e egoísmo? Resta-nos alguma esperança de encontrar no ser humano alguma bondade, ou pelo contrário, tudo está perdido e não resta mais do que aceitar as regras do jogo, ditadas pelo egoísmo do homem? Quando vai parar de chover?

Rashomon dá-nos quatro perspectivas do crime presenciado pelo lenhador. O filme, que em 1950 ganhou o Oscar para melhor filme estrangeiro, só conseguiu realmente captar a minha atenção quando percebi que o morto também tinha a sua versão dos factos, a verdade é que o filme melhora exponencialmente a partir da segunda metade: desde a versão do morto, passando pela luta entre os dois homens, até cena do homem que rouba a roupa de um bebé para se proteger do frio. Não obstante tudo isto, Kurosawa também nos mostra que mesmo estando o ser humano completamente imerso na maldade que ele mesmo cria, é possível encontrar alguma bondade, e é aí que o temporal amaina e pára de chover.

Ueno Hikoma

Ueno Hikoma foi um dos pioneiros da fotografia japonesa. Século XIX, do período Meiji, período em que um país isolado durante séculos, de repente eclode e em poucas décadas se converte numa potência industrial, militar e económica.
A máquina fotográfica é uma máquina do ocidente, uma ferramenta do desenvolvimento e das suas consequências. Ueno Hikoma simboliza ele próprio a revolução Meiji. Teve que convencer os seus modelos de que a câmara não lhes roubaria anos de vida, que não lhes aprisionaria a alma. Este processo, do caçador de espíritos dos primeiros anos ao dono do maior estúdio de fotografia do extremo oriente no final do século, resumem a época.
Também esta fotografia é um resumo do Japão Meiji, é um retrato de um soldado ferido durante a rebelião Satsuma: um dos últimos estertores dos samurais contra a imparável avalanche do progresso.