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2010-03-01

Luis Sepúlveda: A sombra do que fomos


Em Santiago do Chile, um velho passeia pela rua e é atingido por um gira-disco lançado por um casal a meio de uma cena doméstica um pouco violenta. Cai morto. Trazia consigo um revolver e era um antigo militante anarquista que se ia juntar a três antigos companheiros num discreto armazém após os anos de exílio ou de vida clandestina. Estes homens, todos sexagenários, antigos maoistas, trotskistas e de outras tendências de extrema esquerda, iam organizar um último golpe: recuperar uma grande quantia de dinheiro desviada durante a ditadura de Pinochet e escondida por um dos seus companheiros.

Uma história truculenta que, se bem que se saiba que não são mais do que uma sombra do que já foram, mantêm-se fieis aos seus sonhos e ideais de juventude e vão beneficiar de um conjunto de coincidências inesperadas. O estilo de Luis Sepúlveda é fácil de ler, mas a sua maneira de desenvolver a intriga com pequenos toques impressionistas exige um certo esforço ao leitor, que vai descobrir em segundo plano certos aspectos duma história política cheia de realidades sórdidas. Um livro ternamente subversivo dotado de um fim reconfortante.

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