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2010-04-30

Cabeça

Cabeça 
Arte Sapi, Afro-Portuguesa do Séc. XVI
The Metropolitan Museum of Art

Travessas da Companhia das Índias

Travessas em porcelana chinesa da Companhia das Índias 
Reinado de Qianlong. (Séc. XVIII)

Lady Lilith

 Lady Lilith, 1867
Dante Gabriel Rossetti e Henry Treffry Dunn
Aguarela e guache sobre papel
The Metropolitan Museum of Art, New York

Aquário

Aquário em porcelana chinesa da Companhia das Índias
Século XVIII
Pertencente à colecção do Paço dos Duques de Bragança

2010-04-29

George Orwell revisitado


Num artigo do The Guardian de 17 de Abril Christopher Hitchens revisita Animal Farm (anteriormente conhecido por cá como Triunfo dos Porcos e recentemente editado com o título mais literal de A Quinta dos Animais pela Antígona), a alegoria distópica de Orwell que tinha como alvo a corrupção da União Soviética e o totalitarismo. Publicado em 1945, o livro aparece nalguns do mais conhecidos best ofs, nomeadamente a Modern Library’s list of the 100 Best Novels e na All Time 100 Novels da revista Time.
No entanto, como refere Hitchens, Animal Farm quase nunca foi publicado. O manuscrito sobreviveu por pouco aos bombardeamentos de Londres durante a Segunda Guerra Mundial e após a guerra T.S. Eliot (na altura editor da Faber & Faber) e outros editores rejeitaram o livro que acabou por ver a luz do dia pela mão da Secker & Warburg.
No entanto, 65 anos depois A Quinta dos Animais ainda não pode ser lido na China, Birmânia e Coreia do Norte e num grande número de países islâmicos.

Colónia Dignidad

Li há uns dias a notícia da morte do nazi, Paul Schaefer, criador e patriarca da sinístra Colónia Dignidad no Chile.
Schaefer morreu aos 88 anos, ainda muito jovem foi soldado no exército alemão. Militarista e fundamentalista religioso, fundou em finais dos anos 50, ainda na Alemanha, uma instituição de ajuda a menores onde se praticavam abusos sexuais a menores.
Fugido da Alemanha fundou, em 1961 no Chile, a Colónia Dignidad, com colonos alemães, que controlava com métodos concentracionários. Por alguma razão (relações militares e políticas) as primeiras denúncias de abusos sexuais reiterados cometidos no seu establecimento não tiveram seguimento.
Durante a ditadura de Pinochet, Schaefer cedeu as suas instalações para serem usadas pela DINA (Dirección de Inteligencia Nacional, a polícia política do regime de Pinochet) que converteu as suas terras num centro de tortura.
Em 1990 foi aberta uma investigação judicial contra a Colónia Dignidad, e apesar das descobertas efectuadas, Schaefer consegue escapar, sendo detido em 2005 na cidade argentina de Tortuguitas, nos arredores de Buenos Aires, onde vivia escondido. Extraditado e julgado, foi condenado a 20 anos de prisão, dos quais cumpriu cinco.

2010-04-27

8½ - Federico Fellini

8½ é um filme de 1963 realizado por Federico Fellini. Escrito por Federico Fellini, Tullio Pinelli, Ennio Flaiano e Brunello Rondi, com Marcello Mastroianni como Guido Anselmi, um famoso realizador. Filmado a preto e branco por Gianni di Venanzo, o filme conta ainda com a banda sonora de Nino Rota.
Guido Anselmi, um famoso realizador, sobre de bloqueio. Preso no meio de um novo filme de ficção científica que inclui veladas referências autobiográficas, perdeu o interesse entre dificuldades artísticas e conjugais. Enquanto Guido luta sem grande vontade com o seu filme, uma série de flashbacks e sonhos penetram as suas memórias e fantasias, frequentemente intercaladas com a realidade.
Estreado em Itália em 14 de Fevereio de 1963, Otto e mezzo recebeu uma aclamação unânime com os críticos considerando Fellini um génio com um toque mágico e um estilo prodigioso. O escritor Alberto Moravia descreveu o protagonista do filme, Guido Anselmi, como sendo obcecado pelo erotismo, sádico, masoquista, mistificador, adúltero, palhaço, mentiroso e uma fraude. Ele medo da vida e quer regressar ao útero materno.
Em certos aspectos, apresenta semelhanças com Leopold Bloom, o herói do Ulisses de James Joyce, e temos a impressão de que Fellini terá lido e meditado bastante no livro. O filme é introvertido, uma espécie de monólogo, intersectado por flashes de realidade. Os sonhos de Fellini são sempre surpreendente e, num sentido figurado, originais, mas as suas memórias são permeáveis a um sentimento mais profundo e delicado. É por isso que as duas cenas que se referem à infância de Guido na velha casa de campo de Romagna e o seu encontro com a mulher na praia em Rimini são as melhores do filme e das melhores da carreira de Fellini.


Trailer de 8½

2010-04-26

Jan Saudek



Fotografo e pintor checo, nascido em Praga, estudou na Escola de Fotografia Industrial de Praga. De 1952 a 1980 teve um conjunto de empregos na agricultura e indústria enquanto desenvovia a sua própria fotografia (influenciada pela exposição "Family of Man" organizada por Edward Steichen no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque em 1955), que pretende mostrar a experiência humana como um todo, apesar de ter sido criada quase exclusivamente na sua cave/estúdio.Embora a sua primeira exposição internacional se tenha realizado em 1969 na Universidade de Indiana, e tenha exposto no Festival de Arles em 1977, só em 1984 é que foi oficialmente autorizado a trabalhar como fotografo.



O trabalho fotográfico de Saudek, maioritariamente a preto e branco e colorido à mão, mostra experiências oníricas e alegorias grotestas das fobias e fantasias humanas. Fundindo erotismo com sentimento, os seus cenários teatrais, em que participam ele próprio, familiares e amigos de todas as idades, são considerados por alguns como chocantes ou kitsh. Mas outros consideram que Saukek endereça temas chave da existência humana, o envelhecimento, a sexualidade e as relações de género.
Provavelmente o mais conhecido fotografo checo de nús o seu trabalho tem sido largamente divulgado.

Netsuke


Como traje tradicional do Japão, o Kimono não tinha bolsos, e os mais variados objectos, globalmente designados Sagemono (que significa literalmente "coisa pendurada"), eram suspensos à cintura por um cordão. O cordão era preso por um Netsuke, que prendia o Kimono e se segurava por pressão.
Inicialmente os Netsuke eram simples molas de madeira, mas tornaram-se cada vez mais elaboradas até ao Século XVIII, eram tradicionalmente executados em madeira ou marfim mas podem ser encontrados exemplares de osso, coral, tartaruga, âmbar e mesmo metal.
Os temas esculpidos eram mais numerosos que os escultores, mas os maiores grupos são os que retratam personagens do folclore japonês (Mukashi Banashi e Sugata).
O erotismo era também um tema popular e as peças assumiam frequentemente a forma de jovens envolvidas com monstros marinhos ou personagens mitológicas.

A maioria dos Netsuke vinham de áreas densamente populadas, como Osaka, Nagoya e Edo, onde os artesão podiam prosperar.
A sua popularidade declinou a partir de 1868 quando os trajes de estilo ocidental, com bolsos, se tornaram  populares. No entanto,  o fluxo de turistas, ansiosos por recordações do Japão antigo criaram um grande mercado para os Netsuke. Vastas quantidades, na sua maioria de qualidade inferior, comparados com os mais antigos, foram exportados para a Europa e Estados Unidos desde essa altura.

2010-04-23

O fim da Linha



The End of the Line mostra-nos os efeitos da nossa paixão desmedida por peixe. O filme explora o impacto de um mundo futuro sem peixes, que resultaria com segurança numa fome em larga escala.
Durante os anos de rodagem, The End of the Line segue o infatigável jornalista de investigação Charles Clover enquanto enfrenta político e profissionais hoteleiros de renome a quem parece pouco importar que o futura das suas profissões esteja igualmente em perigo. É acompanhado por um dos seus alidados, Roberto Mielgo, ex-pescador que agora se dedica a desmascarar casos de pesca ilegal.
Rodado por todo o mundo, desde o estreito de Gibraltar, passando pelas costas do Senegal e do Alasca até à lota de pesca de Tóquio, com a participação de cientistas de primeira ordem, pescadores locais, The End of the Line é um sinal de alarme para o mundo.

Haiku



O que é o Haiku?
O Haiku é uma das mais importantes formas tradicionais da poesia japonesa. O Haiku é um poema de 17 sílabas com três versos com respectivamente 5, 7 e 5 sílabas.
Desde muito cedo, houve alguma confusão entre os três termos relacionados Haiku, Hokku e Haikai. O termo Hokku significa literalmente "verso inicial", e corresponde ao verso inicial de uma longa cadeia de versos, conhecida como Haika. Como o Hokku determinava o tom para o resto do poema, gozava de uma posição privilegiada na poesia Haikai, e não era incomum que um poeta compusesse um Hokku sozinho sem dar seguimento ao resto da cadeia.
Em grande parte graças aos esforços de Masaoka Shiki, esta independência foi formalmente estabelecida nos anos 1890 através da criação do termo Haiku. Esta nova forma de poesia destinava-se a ser escrita, lida e compreendida como um poema independente, completo por si só, e não como parte de um poema mais longo.

No sentido estrito, a história do Haiku começa nos últimos anos do século XIX. Os famosos versos do período Edo (1600-1868) de mestres como BashôYosa BusonKobayashi Issa devem ser referidos como Hokku e colocados no contexto da história da poesia Haikai apesar de serem habitualmente lidos como Haiku.

O Haiku moderno
 A história do Haiku moderno inicia-se com a reforma de Masaoka Shiki, em 1892 que estabelece o Haiku como forma poética independente. A reforma de Masaoka Shiki não mudou, no entanto, dois dos elementos tradicionais do Haiku, a divisão das 17 sílabas em três versos de 5, 7 e 5 sílabas e a inclusão de um tema sazonal.

Salvatore Melani



Um bronze Art Deco do escultor italiano Salvatore Melani (1902-1934)

2010-04-21

A Noite do Caçador, Charles Laughton (1955)


Em 1955 o actor Charles Laughton realizou o seu único filme, A Noite do Caçador, baseada no romance de Davis Grubb.
Harry Powell (Robert Mitchum) é um pregador evangélico que se dedica a matar infiéis e pecadores. Depois de ter sido preso por roubar um carro é conduzido à prisão, onde conhece Ben Harper (Peter Graves). Ben está condenado à morte por ter assassinado dois homens durante o assalto a um banco, mas antes de ser preso deixou o dinheiro aos seus filhos John (Billy Chapin) e Pearl (Sally Jane Bruce) para que o escondessem, sem o revelar a ninguém. Powell acaba por saber disto e, depois de sair da prisão após a execução de Ben, dirige-se para a cidade onde vive a família para casar-se com a viúva de Ben, Willa (Shelley Winters), e ficar assim com o dinheiro. As crianças, tal como tinham prometido ao pai, não vão deixar que Powell se apodere do dinheiro, gerando-se uma batalha entre o pregador e as crianças, em que a vida destas correrá sério perigo.

A Noite do Caçador é um filme sobre a fragilidade das crianças face ao mundo que as rodeia. Sofre uma influência inegável do expressionismo alemão, conseguida graças ao talento de Stanley Cortez e pode apreciar-se em planos memoráveis como o da sombra de Powell na janela do quarto das crianças. A música de Walter Schumann também ajuda a envolver-nos nesta atmosfera de perigo gerada sobretudo pela personagem magnificamente interpretada por Robert Mitchum.

2010-04-07

Money, Martin Amis

John Self é o protagonista. John Self nasceu sem dinheiro, mas via-o crescer e reproduzir-se à sua volta, perto, bastava sair do bar de strip do pai, atravessar a avenida e admirar os grandes edifícios da City de Londres que guardavam todo esse dinheiro. Para John Self, o problema é a distância. O dinheiro estava demasiado perto, bastava apenas esticar o braço e agarrá-lo. E foi o que fez. Como o dinheiro, o alcool, o sexo, o cinismo, as drogas, a vida está demasiado próxima. A morte está demasiado próxima. Money é um livro denso, demasiado grande, porque John Self vai andando e vai encontrando milhares de portas possíveis, ao seu alcance, e tem que entrar em todas, bater com a cabeça em todas. E Martin Amis tem que escrever sobre tudo o que está atrás destas portas nos caminhos entre Nova York e Londres.

John Self é uma personagem com um olhar diferente a quem o autor deu demasiados pontos possíveis para fixar o olhar. John Self demonstra uma espécie de hipersensibilidade, perturbado por tudo o que o rodeia.

Mas quando se olha demasiado fixamente deixamos de perceber o que se passa, e se não conseguimos deixar de olhar, acabou.